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Summit na Mídia

02/07/2013

Midia News Online

Empresários defendem agenda conjunta para o setor sucroenergético

Para especialistas, sinergia entre setor produtivo e governo é fundamental para definir um plano estratégico para o etanol

O setor sucroenergético brasileiro passa por um momento delicado e decisivo. Essa foi a principal constatação de especialistas, usineiros, produtores e empresários dos grupos do setor, reunidos durante o Ethanol Summit 2013. O evento, que terminou na sexta-feira (28) em São Paulo, encerrou uma semana de debates e discussões sobre o segmento e deixou muitas sugestões para que a cadeia produtiva e o governo possam criar uma sinergia em prol de seu desenvolvimento.

Nos últimos dez anos, muitos avanços em termos de política, economia e meio ambiente foram alcançados, como salientou Carlos Klink, secretário de mudanças climáticas e qualidade ambiental do Ministério do Meio Ambiente. “Desde 2010, com a política de mudanças climáticas, o Brasil avançou muito na redução do desmatamento. E a cogeração de energia e o crescimento da frota de veículos flex fuel também são parte dessas conquistas”, disse.

João Alberto Paixão, secretário de produção e agroenergia do Ministério da Agricultura e Abastecimento (Mapa), destacou que algumas medidas governamentais têm auxiliado o setor, como o plano safra com crédito recorde, apoio aos projetos para a produção de etanol de segunda geração (celulósico) e também o recente aumento do percentual do biocombustível à gasolina, que passou de 20% para 25%. “O aumento da demanda de combustíveis e de energia representa ótima oportunidade de negócios para o setor. O desafio é continuar crescendo e manter a matriz energética brasileira limpa nos próximos anos”, salientou.
Luiz Pogetti, presidente do Conselho da Copersucar, explicou que a demanda por biocombustíveis existe e é crescente. “Pesquisas do Centro de Tecnologia Canavieira, o CTC, apontam potencial de incremento nos canaviais, saindo de 7 mil litros por hectare para 35 mil litros por hectare. Quantos mercados existem no mundo com sustentabilidade crescente?”, questiona. O executivo declarou ainda que nos últimos anos o setor investiu cerca de R$ 8 bilhões em renovação de canaviais.

Para Britta Thomsen, deputada europeia pela Dinamarca, o trabalho que o Brasil vem desenvolvendo, de transformar cana-de-açúcar em etanol, tem servido de inspiração para aquele continente, no momento em que a União Européia discute o desenvolvimento de suas políticas de energia renovável para os próximos anos. “Tenho grandes expectativas sobre o uso de biocombustíveis avançados. Quanto mais os usarmos, menores serão as emissões de gases do efeito estufa”, afirmou.

Desafios

Atender à crescente demanda por fontes de energia renováveis requer investimentos tanto por parte do governo quanto por parte do setor produtivo. Mas os subsídios governamentais concedidos à gasolina têm prejudicado a competitividade do etanol no mercado interno e comprometeu os investimentos privados no setor, que foram reduzidos drasticamente. “Esse ciclo virtuoso de investimento precisa de um projeto de longo prazo, sem risco institucional e regras que mudem o tempo todo”, disparou Elizabeth Farina, presidente da União da Indústria Canavieira (Unica), a entidade responsável pela organização do Ethanol Summit.

Miguel Rossetto, presidente da Petrobras Biocombustível, concordou, ao afirmar que o grande desafio é compor uma agenda comum entre o setor e o governo, “que se transforme em um plano estratégico e que inclua projetos e debates sobre preço, investimentos e tecnologias”.
A presidente da Unica explicou que a demanda é crescente e que, para atendê-la nos próximos anos, o Brasil terá que repetir o crescimento do setor sucroenergético registrado entre 2006 e 2009. “Teremos que colocar outras 100 novas usinas para operar, a fim de atendê-la até 2020”, diz. A executiva também alerta para o fato de que se as safras de cana seguirem crescendo e os investimentos não forem feitos, “em cerca de dois anos atingiremos nossa capacidade produtiva”.

Farina afirmou que, apesar dos desafios que o setor tem pela frente, “temos condições de reagir rapidamente”. Como exemplo dessa resposta ágil, ela apontou o fato que, entre 2008 e 2012, cerca de 40 usinas fecharam por causa de pressões financeiras e altos endividamentos. Com isso, a capacidade produtiva do setor foi reduzida em 46 milhões de toneladas. “Mas, no mesmo período, outras novas usinas abriram e somaram 120 milhões de toneladas em capacidade; no fim das contas, ganhamos mais 80 milhões de toneladas no período”, explicou a presidente da Unica.

Mudanças climáticas

Outro desafio do setor sucroenergético está em alcançar as metas de redução da emissão de gases do efeito estufa até 2020. Para tanto, não só o fim das queimadas - que vem permitindo inclusive a procriação da onça parda em canaviais no Estado de São Paulo - está entre as metas, mas também o uso em maior escala do bagaço da cana-de-açúcar para a cogeração de energia.

“Ainda faltam políticas consistentes que permitam o cumprimento dessas metas pelo setor”, afirmou Luiz Augusto Nogueira, professor do Instituto de Recursos Naturais da Universidade Federal de Itajubá, de Minas Gerais. Segundo ele, o potencial produtivo do bagaço da cana equivale à mesma quantidade de energia gerada pelas térmicas no País.

Na opinião de Eduardo Assad, pesquisador da Embrapa, o setor tem plenas condições de atingir as metas propostas na COP, em Copenhague, mas é preciso estímulo. “O governo tem incentivado as boas práticas na agricultura com vários programas, mas não temos visto nada parecido para a cana. Some-se a isso uma política ruim de preços e o setor não vai investir”, avalia. Segundo ele, o etanol emite cerca de 10 vezes menos gás carbônico na atmosfera em comparação com a gasolina.

Para Juliano Assunção, diretor da Climate Policy Iniatiative (CPI), o Brasil pode e deve ocupar um papel de liderança na questão climática mundial, especialmente porque, segundo ele, o assunto está diretamente ligado à produção de alimentos e energia, frentes em que País atua bem. “O Brasil conseguiu reduzir o seu desmatamento graças a políticas públicas e programas. Se essas ferramentas não tivessem sido implantadas, os índices atuais de desmatamento seriam 60% superiores”, calcula.

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