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01/07/2013

Diário do Comércio

Tecnologia deve impulsionar mercado de etanol

A tecnologia pode ajudar o Brasil a dar conta da demanda crescente por etanol, que deve dobrar nos próximos sete anos. Fazer a produção atual saltar dos 22 bilhões de litros para algo em torno dos 40 bilhões de litros da maneira tradicional exigiria ampliação significativa da área plantada e pelo menos mais 100 novas usinas trabalhando a todo vapor. Algo difícil de se concretizar. Por sorte, nos laboratórios de pesquisas está sendo desenvolvido um método revolucionário de se produzir o etanol, capaz de dobrar, ou até triplicar a produção atual sem a necessidade de aumento das bases industriais e do cultivo.

Quando a cana é processada nas usinas, cerca de 10% do volume extraído são açúcares, que acabam transformados em álcool posteriormente. Um volume bem maior, cerca de 30% do material processado, vira bagaço - que é basicamente fibra de celulose. Hoje, esse material é queimado para gerar energia nas usinas. Mas ele pode oferecer mais: a totalidade do bagaço pode virar etanol ao se quebrar as moléculas da celulose que o compõe.

E é exatamente isso o que algumas empresas que atuam no Brasil, como Granbio, Petrobras e Raízen, entre outras, estão fazendo. O empenho em produzir esse etanol de celulose, que vem sendo chamado de etanol de segunda geração, deve render os primeiros resultados "extralaboratoriais" entre 2014 e 2015, segundo Alfred Szwarc, consultor de tecnologia da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica).

A expectativa é de que dentro desses dois seja possível produzir etanol de segunda geração em escala comercial, em um volume de 160 milhões de litros. Nada muito significativo em tamanho, já que o volume esperado representaria cerca de 1% da produção atual, mas um grande avanço do ponto de vista tecnológico, visto que extrair álcool de celulose é extremamente complicado.

É que a celulose (a estrutura que reveste as paredes das células de plantas) é difícil de ser decomposta - ou quebrada - em açúcar, para então virar álcool. Quem se encarrega dessa tarefa são as enzimas, que são catalisadores que reações químicas. Em outras palavras, as enzimas aceleram processos que de maneira natural levariam muito mais tempo. A lactase, por exemplo, é a enzima que acelera a quebra da lactose, presente nos laticínios.

Para o caso da celulose, a notícia boa é que os laboratórios conseguem criar diferentes enzimas que a quebra em açúcar. O problema é que produzi-las tem um custo elevado, que, em geral, supera o valor de venda do etanol obtido. "O pessoal de jaleco branco conseguiu produzir etanol de celulose com sucesso nos laboratórios. O problema apareceu quando tentaram levar a produção para escala comercial”, diz Szwarc.

Há cerca de cinco anos as expectativas em torno do etanol de celulose eram as melhores. Brasil e EUA firmaram acordos para o desenvolvimento da tecnologia. Essa parecia ser a saída para um mundo menos dependente dos combustíveis fósseis. Mas a dificuldade de reproduzir em grande escala os resultados obtidos nos laboratórios frustrou a todos. Tanto que lideranças políticas norte-americanas questionam hoje o etanol como fonte alternativa de energia. "A verdade é que as expectativas foram exacerbadas. Os resultados deveriam ser projetados para dali a dez anos", diz o consultor da Unica.

Pois bem. O tempo correu e enzimas mais eficientes e baratas foram produzidas. E o Brasil, junto dos Estados Unidos, continua a liderar essa revolução tecnológica. A empresa brasileira Granbio, por exemplo, planeja produzir etanol de celulose em nível comercial já no primeiro trimestre de 2014. Sua meta é produzir 82 milhões de litros por ano, chegando a 1 bilhão de litros por ano em 2020.

Resta salientar que a celulose não é uma exclusividade da cana. Ela está em todas as plantas. Assim, tecnicamente seria possível extrair álcool da grama de jardim, de folhas de papel, de serragem ou de qualquer tipo de planta. Ainda assim, de acordo com Szwarc, o Brasil terá lugar seguro nessa revolução energética. "Mesmo sendo possível extrair álcool de grama, ou de lixo, o fato é que as bases para o etanol de segunda geração vindo da cana de açucar já estão instaladas. Todo o resto parte do zero, a um custo elevado", afirma.

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