VoltarNos próximos anos, setor sucroenergético precisa investir em quatro grandes prioridades
Os destinos dos carros flex, as perspectivas da produção do etanol celulósico em escala comercial, a cooperação entre os países consumidores e produtores e as questões de natureza regulatória são os principais gargalos do setor sucroenergético, no entender da presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (UNICA), Elizabeth Farina, em discurso na abertura do Ethanol Summit 2013, evento que lotou o auditório principal do Grand Hyatt Hotel, na manhã do dia 27 de junho, com capacidade para 1.200 pessoas. Para ela, o segmento precisa com urgência trabalhar no encaminhamento dessas prioridades.
A executiva disse que quando pensamos no cenário de 2020, portanto daqui a sete anos, é possível enxergar, de um lado, uma oportunidade ímpar de mercado e, de outro, importantes desafios e responsabilidades para o setor. “Sete anos pode parecer um curto espaço de tempo quando constatamos que representa pouco mais do que um ciclo de produção da cana-de-açúcar e parece pouco também quando sabemos que é o tempo necessário entre a tomada de decisão de um investimento em uma nova unidade industrial e a sua plena maturação,” disse. Mas, para Beth Farina não é pouco tempo para um setor tão dinâmico como o sucroenergético.
A secretária Estadual da Agricultura, Mônika Bergamaschi, que representou o governador Geraldo Alckmin na abertura do Summit, enfatizou que a importância da cana-de-açúcar não se restringe a questões agrícolas, mas também à sustentabilidade do setor sucroenergético. “É por isso que entendemos que a redução do valor do ICMS sobre o etanol em São Paulo, há 10 anos, contribuiu de forma significativa para o aquecimento do setor no Estado e para investimentos em energia limpa e sustentável, uma prioridade para o mundo”.
Aliás, sobre investimentos, Wagner Bittencourt, vice-presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), listou uma série de programas que o banco tem praticado no sentido de aquecer o segmento que já viveu momentos melhores e piores na última década. “A ideia é fazer com que o mercado como um todo seja beneficiado, a partir de iniciativas contínuas que passam pela pesquisa, por novas tecnologias e também por projetos ligados à melhoria da infraestrutura no País”, enfatiza. No entender de Bittencourt, sem boas estradas, ferrovias e etanolduto não há como conectar de forma eficiente e econômica o produtor ao resto da cadeia nacional e internacional.
Visão internacional
Deputada da União Europeia, pela Dinamarca, Britta Thomsen defendeu na abertura do Summit o etanol brasileiro como uma das soluções para a produção de energia limpa e renovável do mundo . “É preciso desmistificar a ideia, comum em parte da comunidade europeia, de que a cana brasileira é plantada na Amazônia e que com ela o País está perdendo espaço para a agricultura voltada para o alimento”. A parlamentar chegou a afirmar que sua visita ao Brasil tem sido muito útil para conhecer como, de fato, o etanol é plantado e produzido nas usinas. “O continente europeu tem discutido muitas questões ligadas ao setor sucroenergético e o Ethanol Summit é sem dúvida um momento importante para a compreensão real desse cenário internacional”, disse.
Por sua vez, Dennis Hankins, cônsul Geral dos Estados Unidos em São Paulo, elogiou os investimentos no etanol brasileiro e ressaltou que há anos os dois países têm firmado acordos de cooperação para pesquisa e desenvolvimento de novos negócios no setor.
Apoio do governo
Do lado brasileiro, Carlos Klink, secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do Ministério do Meio Ambiente e João Alberto Paixão Lages, secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura salientaram no Summit a preocupação do Governo Federal com o setor e com as medidas práticas que têm ajudado o segmento. Nesse sentido, a desoneração do setor e a mecanização foram destacadas pelos dois representantes. Os secretários também concordam que o país precisa continuar a investir nas próximas gerações do etanol, “a exemplo do celulósico”, destacado por Lages.